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Imunidade de rebanho, a ponta do iceberg e as vacinas

Pandemias e epidemias são uma força da natureza. Um novo vírus, quanto mais contagioso, mais se propaga, sem respeitar quarentenas horizontais e lockdowns. Ele só será contido por outro poderoso fenômeno da natureza: a imunidade coletiva ou de rebanho. Tive oportunidade de coordenar ou acompanhar o enfrentamento a várias epidemias. Entre elas, a primeira da dengue, no Rio Grande do Sul, em 2007; a pandemia do H1N1, também no RS, em 2009; e a epidemia do vírus da zika, no Nordeste, em 2015. Esses surtos tinham em comum o fato de que não existiam vacinas para controlá-los. Aliás, todas as pandemias, por serem causadas por novos vírus, chegam ao fim antes que vacinas consigam ser desenvolvidas e utilizadas em grande escala. Em 2015, fiquei consternado com o nascimento de milhares de crianças com lesões neurológicas graves e microcefalia, causadas pelo vírus da zika. Qual não foi a minha surpresa quando o

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A tragédia nos asilos!

As recentes notícias sobre mortes em asilos confirmam o alerta que faço desde o início dessa pandemia. O maior risco de contágio pelo coronavírus são dos idosos destas instituições e clínicas de repouso. O paradoxo das propostas de quarentena e de isolamento social é o de que justamente a população mais isolada, os idosos em asilos, compõe a maior parcela de mortes pela Covid-19 no planeta. No Canadá, em lockdown, as mortes em clínicas e asilos de idosos representaram, até agora, mais de 80% do total. Nos Estados Unidos chegou a 46%, e na Europa, ao redor de 50%. Mesmo na Suécia, onde a população não fez quarentena e nem lojas e escolas foram fechadas, mais de 70% das mortes aconteceram nos seus gigantescos asilos de idosos. Justamente na única parcela da população isolada! No Brasil – embora ainda não tenhamos um raio-x completo da situação – foi muito grande

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É preciso reabrir as escolas

O cálculo do número de mortes que acontecem numa pandemia não nos permite esquecer a dor e a tragédia de cada existência perdida, mas é necessário conhecê-lo para compreender melhor o que acontece e como evitar uma maior perda de vidas. Michael Levitt, professor de Stanford e Prêmio Nobel de 2013, é o cientista que mais e melhor estudou os números da Covid-19. Desde o início do primeiro surto epidêmico na China, Levitt vem dedicando a maior parte do seu tempo, de forma incansável, para desvendar as informações que os números da pandemia escondem. Até por isso ele é um dos que mais contesta as projeções apocalípticas dos pesquisadores do Imperial College, a instituição inglesa que convenceu a maioria dos governantes europeus de que teríamos uma das mais mortais epidemias da história, que levaria a dezenas de milhões de mortes. Para enfrentar tal catástrofe, o Imperial College propôs que deveríamos

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O oportunismo do jornalista

A minha resposta ao jornalista Ascânio Seleme que o jornal O GLOBO se recusou a publicar em formato de artigo, não dando o devido direito de resposta. Há muito tempo que não lia da nossa imprensa um artigo tão raivoso e tão cheio de adjetivos ofensivos quanto o escrito pelo colunista Ascânio Seleme na edição do dia 16 de abril de O Globo. A imprensa que reage quando tratada de “sórdida”, é a mesma, que de maneira execrável, se dá o direito de atacar, sem dó, quem tem opinião divergente. Contrário ao meu posicionamento sobre epidemia do COVID-19, ele nada argumenta com fatos ou evidências, simplesmente parte para me desqualificar como pessoa, como médico e como agente político. Não é papel da mídia impedir o debate, nem cercear opiniões contrárias. O jornalista Seleme inventa um enredo que pouco condiz com a minha história profissional e de participação política. Para dar

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Medo e Coragem

No combate à epidemia de Covid-19 tem predominado a estratégia de isolamento das pessoas em casa, numa espécie de quarentena radical e proibição geral de atividades, com raras exceções. Tudo para reduzir a chance de contágio com o novo vírus. O modelo tem inspiração nos pesquisadores liderados por Neil Ferguson, do Imperial College de Londres, que fazem previsões catastróficas de milhões de mortes caso o isolamento radical não se concretize. Ele chega a propor 18 meses de isolamento! Mas há quem pense o contrário. A epidemiologista da Universidade de Oxford Sunetra Gupta alerta, por exemplo, que tais premissas ignoram a grande circulação prévia e imperceptível do vírus, que sempre antecede a descoberta de novas epidemias, e o fato de que isso leva grande parte da população a já ser portadora assintomática do vírus antes mesmo de nos darmos conta da disseminação, o que aumenta o risco de contágio dentro de casa, durante qualquer isolamento. É o aumento do contágio por assintomáticos (mais de

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O Brasil de Bolsonaro

Jair Messias Bolsonaro representa uma mudança positiva e extraordinária na política nacional. Uma transformação surpreendente manifestada pelo mais improvável dos candidatos à Presidência da República. Surge daquele que não possuía recursos para a campanha, nem aceitava o que era indevido, sem tempo de TV, com um partido diminuto, sem alianças políticas, e ainda mantinha e mantém o “mau hábito”, para a política tradicional, de dizer tudo o que pensa, com a máxima transparência. Ainda por cima, foi vítima de uma violência brutal, durante a campanha, que quase lhe tira a vida. Como venceu então? Para entender esse fenômeno é necessário voltar no tempo e perceber que ele se inicia quando o projeto de poder da esquerda brasileira começa a se desmoronar pela incompetência e pela corrupção. Por mais de uma década, essa esquerda ditou os rumos no país, mas, ao alcançar o poder, esqueceu valores morais, éticos e se decompôs ao

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